Estudo de caso – Iluminação natural da área de circulação

Muitas são as opções, recursos disponíveis e formas de explorar o aproveitamento dos recursos naturais num planejamento arquitetônico de uma edificação.

As áreas de circulação, por serem ambientes de transição e passagem, constantemente são pouco exploradas em função de seu caráter menos expressivo no contexto global do objeto construído, sendo tratados de forma unicamente funcional na maioria das aplicações.

Não é pouco comum encontrar corredores centrais e sem iluminação ou ventilação. Legalmente são praticamente os únicos ambientes passiveis de aprovação sem utilização de recursos naturais (salvo aplicações específicas).

Esta opção não deixa de ser válida e legítima, principalmente por ser reflexo da priorização dos ambientes de maior utilização, os ambientes que são os objetivos principais do planejamento, como as salas e os quartos, espaços de permanência.

Não obstante, os ambientes de circulação fazem parte de um sistema e qualquer sistema depende do melhor funcionamento possível de cada parte para sua plenitude. Assim são os corpos, as cidades, as máquinas, sistemas eletrônicos… Quanto melhor funciona cada parte, melhor funciona o sistema.

No contexto atual, o aproveitamento de recursos naturais e a diminuição da utilização de recursos artificiais são extremamente valorizados pelo conceito de sustentabilidade (não será apresentado formalmente neste texto por não ser o foco do mesmo). Assim como o desempenho dos ambientes passaram a ser foco avaliação, monitoramento e regulamentação (vide a publicação da norma de desempenho das edificações). Então porque não aprimorar o planejamento de utilização e integração das áreas de circulação com os demais ambientes da edificação para que o sistema funcione de uma forma ainda melhor?

Conforme citado nos parágrafos anteriores, quanto melhor o funcionamento de cada parte, melhor o funcionamento do sistema, então, quanto melhor o funcionamento das áreas de circulação em função do sistema, melhor o desempenho final da edificação.

Neste estudo de caso, são apresentadas as áreas de circulação da edificação identificada como Casa Recanto 1. Estas áreas correspondem principalmente ao acesso da área íntima no segundo pavimento e será o foco do texto, uma vez que no pavimento térreo a circulação foi totalmente integrada aos ambientes e demanda menos apresentação.

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1o pavto Casa Recanto – Circulação: iluminação direta e indireta (setas amarelas)

É possível observar na planta do primeiro pavimento que se tratam de ambientes amplos e integrados, havendo espaço disponível para circulação que, apesar de direcionada em função de cada layout aplicável, também é integrada ao ambiente, correspondendo à sensação de amplitude e liberdade de movimento. É a configuração da forma planejada da edificação que permite relação direta com os ambientes externos, integrando a construção ao meio, opção que amplia as possibilidades de utilização dos recursos naturais, ventilação e iluminação, refletindo na qualidade da circulação e de cada ambiente.

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Vista Lateral Esquerda – Circulação vertical e horizontal da área íntima vista externamente.

No primeiro pavimento estão os ambientes sociais, os íntimos estão no pavimento superior e sua escada de acesso foi planejada com uma ampla janela fixa localizada no patamar central, que permite entrada abundante de iluminação natural, colaborando também com a sensação de amplitude do espaço.

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Vista do ambiente da escada (circulação vertical) (obra)

A opção da esquadria fixa, que não permite função de ventilação, se deu devido a relação da escada com os demais ambientes. Sua forma, pé direito, localização, integração e relação com a ventilação dos espaços circundantes indicou a não necessidade de uma ventilação direta no ambiente. Contudo, a iluminação natural foi fundamental para elevar a qualidade do conforto da mesma e da relação desta com o ambiente externo (solução que não implicou negativamente na privacidade por ser um ambiente de passagem e a esquadria não possibilitar vista direta à ambiente íntimo).

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Vista Lateral Esquerda – Circulação vertical e horizontal da área íntima vista externamente.

Já no corredor dos quartos, a opção da instalação de uma grande janela possibilitou a ventilação cruzada em todos os quartos opostos, uma vista privilegiada da serra próxima ao bairro, sensação de conforto a partir da iluminação e controle de temperatura mais efetivo nos dias mais quentes.

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2o pavto Casa Recanto – Circulação: Iluminação direta (seta amarela) e ventilação (setas azuis)
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Vista interna do corredor de acesso da área íntima no 2o pavto. e sua janela. (Obra).

É possível notar que não são opções isoladas e diretas a cada ambiente. São soluções integradas ao sistema funcional global da casa, com interesse de qualificação dos espaços e melhoria do sistema como todo a partir da melhoria e complementariedade das partes.

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